ESCLARECIMENTOS E CURIOSIDADES SOBRE CRIANÇAS


BLOG SOBRE PEDIATRIA E NEUROLOGIA INFANTIL

PARA ESCLARECIMENTOS E CURIOSIDADES SOBRE TODO PRÍNCIPE E PRINCESA QUE RENOVAM O CORAÇÃO DOS SEUS PAIS E FAMILARES


"A Pediatria não é apenas uma atividade médica em seu sentido habitual.
Ela é também, senão sobretudo, um "estado de espírito", que assegura a permanência dos esforços a favor da criança e que tem como alicerce o amor a ela, não o amor que se exprime em prosa e verso, mas que se exterioriza em ação."
PEDRO DE ALCÂNTARA


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Você dedica o tempo necessário a seu filho?


A participação de mães e pais no dia a dia dos filhos é fundamental para seu desenvolvimento emocional e educacional


Texto:  Adriana Carvalho

          
              
             

Nos dias de hoje, em que pais e mães trabalham fora, o tempo é um bem cada vez mais raro. E essa escassez de tempo é um problema que pode afetar negativamente o desenvolvimento emocional e educacional das crianças. Por isso é que muitos psicólogos são a favor de que as famílias façam uma revisão - e se for o caso uma mudança - em suas rotinas para poder garantir que os pais tenham uma convivência de qualidade com seus filhos.
 “Os homens precisam reconhecer que estar com os filhos é tão importante quanto trabalhar, mostrar isso aos colegas e ao chefe e colocar alguns limites”, afirma Cristina Capobianco, psicanalista do Instituto Sedes Sapientiae (SP).

Não existe convivência ou o chamado "tempo de qualidade" com as crianças sem uma quantidade de tempo adequada. "Tempo de qualidade é presença, dedicação, compromisso. Não há tempo de qualidade sem quantidade de tempo", afirma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. "Em qualquer trabalho, profissão ou arte, só se alcançam resultados de qualidade quando se dedica tempo, concentração e responsabilidade à tarefa. Com os filhos não é diferente. Nenhuma obra de arte nasceu em cinco minutos, nenhum profissional faz bem seu trabalho em dois minutos. Portanto, é impossível a qualidade na maternidade ou na paternidade se só dedicamos poucos minutos a ela ou o tempo que nos sobra. Os pais precisam dar conta da responsabilidade que assumiram ao trazer um filho ao mundo", afirma.


1) É IMPORTANTE DEDICAR TEMPO AOS FILHOS EM TODAS AS FASES?

Sim. "Os filhos precisam da presença de seus pais em todas as suas fases de crescimento", segundo Caio Feijó, psicólogo, educador e mestre em psicologia da infância e da adolescência pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

primeira infância, por exemplo, é a fase mais importante do desenvolvimento humano. "É o período no qual a nossa personalidade será formada. Quase tudo que seremos na vida adulta será construído nesse momento. Os valores sociais e culturais da família deverão ser registrados nos filhos nesse período, tarefa que não pode ser delegada em hipótese alguma", afirma o profissional. De acordo com ele, pais e mães deverão estar presentes oferecendo modelos e referências comportamentais, ensinando-os a falar, pensar, comer, higienizar, ensinando valores e dando limites. 

Já a fase que vai dos 6 aos 14 anos é um período em que os pais devem participar com muito diálogo e estímulos à socialização. "Com os limites estabelecidos e os bons hábitos adquiridos na primeira infância, os pais devem preparar seus filhos para a busca progressiva da autonomia. A presença física já não será tão necessária quanto na da primeira infância, porém a supervisão se faz necessária", diz Feijó. 

Na adolescência, por sua vez, o psicólogo diz que os filhos não precisarão da presença constante dos pais, mas a supervisão parental deverá ser mantida. "A principal tarefa dos pais nessa fase é conhecer as rotinas dos filhos, o que eles gostam, quem são seus amigos, aonde vão, com quem, quais são seus hábitos sociais, seu desempenho na escola, etc".


2) COMO SE PREPARAR PARA TER TEMPO DE QUALIDADE COM OS FILHOS?

O tempo de dedicação ao filho é algo que deveria ser planejado antes de a criança nascer. O casal deveria se fazer perguntas como: "com o atual ritmo de trabalho que tenho terei tempo para cuidar do meu filho ou deveria procurar outro emprego?", "quem vai cuidar da criança no dia a dia?", "precisarei mudar hábitos como viajar e sair à noite ou adiar planos como o de fazer cursos?". Caso esses questionamentos não tenham sido feitos antes de o bebê chegar, ainda é válido, a qualquer momento, que os pais reavaliem sua rotina para poder proporcionar uma convivência de melhor qualidade com suas crianças. 

"Ter um filho não pode ser algo improvisado. O ideal é que o casal converse muito e com sinceridade. Saber que muitas vezes cuidar de uma criança implicará em abrir mão de alguns hábitos e projetos", afirma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. 

"Se o casal percebe que não haverá tempo para cuidar dos filhos, o melhor é não tê-los ou adiar sua chegada para um momento mais adequado. Trazer filhos ao mundo e criá-los não é um jogo que se pode abandonar quando não temos tempo ou quando nos cansamos. Não podemos dedicar a nossos filhos apenas o tempo que nos sobra", diz ele.


3) GARANTIR O FUTURO OU O PRESENTE DOS FILHOS?

Ao serem questionados sobre por que dedicam tanto tempo ao trabalho, muitos pais costumam responder que estão cuidando do futuro de seus filhos. Porém essa escolha muitas vezes implica em não dar o devido cuidado no tempo presente em que as crianças estão vivendo. "Muitos pais pensam no futuro de seus filhos apenas em termos econômicos. Dizem que trabalham muito para que não falte nada a eles. Mas muitas vezes com isso deixam que falte aos filhos o que eles mais necessitam: a presença dos pais, seu carinho, seu exemplo, sua orientação", afirma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires.



4) TEMPO DE QUALIDADE NÃO É SÓ PARA AGRADAR, MAS TAMBÉM PARA EDUCAR!

Por passarem muito tempo fora de casa, muitos pais podem tender a pensar que dedicar um "tempo de qualidade" a seus filhos significa querer compensar sua ausência e agradá-los simplesmente. "Esse é um fenômeno muito comum, motivado pelo sentimento de culpa desses pais que tentam nesse tempo dar aos filhos tudo que pedem. As consequências desse comportamento são várias e todas negativas: os filhos se tornam indivíduos dependentes, sem limites, muito mais focados em ter do que em ser e também pouco afetivos", afirma Caio Feijó, psicólogo, educador e mestre em psicologia da infância e da adolescência pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

"Como passam pouco tempo com os filhos, querem nesse pouco tempo evitar os conflitos e se recusam a dizer "não" quando necessário e não põem limites. Dessa forma, esses pouco minutos de qualidade se tornam tão prejudiciais quanto a grande ausência dos pais no restante do dia", afirma o psicólogo e escritor argentino Sérgio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. 

"Educar, como diz o pedagogo español Ricardo Moreno Castillo, é muitas vezes frustrar. É o mesmo que faz o agricultor quando poda suas plantas, cortando as partes que vão impedir o crescimento saudável delas, aquilo que lhes tira energia e direção. O trabalho de educar, de dizer não, requer tempo, presença e energia", explica Sinay.


5) DEDICAR TEMPO DE QUALIDADE INCLUI ACOMPANHAR A ROTINA ESCOLAR DOS FILHOS?

Acompanhar o desempenho na escola, ficar de olho no dever de casa, participar das reuniões pedagógicas, saber em quais matérias seu filho tem mais ou menos dificuldade. Dedicar tempo de qualidade ao seu filho também inclui participar de sua vida escolar. "Os pais devem estar presentes física e emocionalmente na rotina escolar de seus filhos. Isso porque a escola, o estudo e os vínculos com os colegas de classe são questões centrais na vida dos filhos", afirma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. Ele ressalta que acompanhar os filhos na vida escolar não significa fazer as coisas por eles, mas fazê-las com eles. "Além disso, é importante ter em conta que pais e escola devem manter uma sintonia. A escola não deve substituir a responsabilidade dos pais, ambos têm funções distintas e complementares", afirma ele.


6) TEMPO DE QUALIDADE NÃO DEVE SER UMA PREOCUPAÇÃO SÓ DAS MÃES!

Trocar fraldas, alimentar, frequentar reuniões na escola não são tarefas que cabem só às mães. Competem também aos pais. "No Brasil, a cultura de que é a mãe quem cuida das questões dos filhos ainda está muito enraizada. Seria muito bom que uma mudança ocorresse", afirma Caio Feijó, psicólogo, educador e mestre em psicologia da infância e da adolescência pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

O psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires, concorda: "Os pais têm tanta responsabilidade quanto as mães nesse quesito. Nenhum homem se tornará menos homem se decidir trabalhar menos ou ganhar menos dinheiro para dedicar-se e estar presente na vida de seus filhos. Nossas crianças não precisam de pais machistas, mas de pais amorosos e presentes. Cada casal deve conversar, negociar e fazer acordos para poder dedicar a seus filhos o tempo que eles necessitam", afirma ele.

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