Crianças com menos de dois anos não deveriam assistir televisão, dizem especialistas
Fonte: BBC

E as mais velhas não deveriam assistir mais do que duas horas por dia, de acordo com os pesquisadores do Hospital das Crianças e do Centro Médico Regional em Seattle, nos Estados Unidos.
O estudo, publicado na revista Pediatrics, afirma que cada hora por dia passada em frente à TV aumenta, em média, em 10% as chances de que a criança desenvolva a síndrome do déficit de atenção.
Ou seja, três horas diárias de televisão significam um aumento de 30% na probabilidade de que ela apresente o problema.
Ao todo, 1.345 crianças participaram do estudo, coordenado pelo doutor Dimitri Christakis, do Hospital das Crianças.
“O cérebro do recém nascido se desenvolve muito rapidamente durante os dois ou três primeiros anos de idade”, disse Christakis.
O pesquisador disse que as crianças expostas a altos níveis de estímulo quando jovens continuam a esperar isto mais tarde em suas vidas, o que dificulta que elas lidem com o ritmo mais lento da escola e da lição de casa.
“A TV faz com que a mente em desenvolvimento vivencie níveis pouco naturais de estímulo”, disse ele.
Como parte do estudo, os pesquisadores perguntaram aos pais sobre os hábitos dos filhos em relação à televisão.
Depois, os pais foram convidados a dar notas para o comportamento dos filhos com sete anos de idade usando critérios similares aos usados para diagnosticar a síndrome do déficit de atenção.
As crianças que assistiram mais TV tinham maior probabilidade de apresentar problemas de concentração, impulsividade, agitação e confusão.
Outro pesquisador, Frederick Zimmerman, disse que era impossível determinar quanto tempo uma criança com idade entre um e três anos poderia passar em frente à TV com segurança.
“Cada hora representa um risco adicional. Você pode dizer que não há um período seguro, uma vez que existe um risco pequeno, mas crescente, a cada hora”, explicou.
Nos Estados Unidos, entre 3% e 5% das crianças são diagnosticadas com síndrome do déficit de atenção.
Os pesquisadores admitem que pode haver problemas com o estudo uma vez que a opinião dos pais é subjetiva.
Também não é possível saber se as crianças que já tinham déficit de atenção seriam aquelas que mais gostam de assistir televisão.
Guia para as crianças verem TV e vídeo
Pense na TV, no DVD ou em filmes e programas no YouTube como se fossem açúcar: você até deixa seu filhinho consumi-lo, mas com moderação. Ou seja, você precisará prestar atenção ao tempo que a criança passa em frente a uma tela.
A tendência a ver TV cada vez mais cedo é inegável. Não há boas estatísticas para o Brasil, mas uma criança norte-americana, por exemplo, assiste a uma média de três a quatro horas de TV por dia, embora a Academia Americana de Pediatria recomende o máximo de duas horas por dia -- e nada de TV para os menores de 2 anos.
Ser rigoroso com as regras desde o primeiro dia é a chave para manter o tempo de TV e filmes sob controle. É mais fácil flexibilizar as regras depois.
Veja dicas para fazer da TV e dos filminhos um instrumento de aprendizado:
Controle o tempo
Se seu filho tiver menos de 2 anos, é melhor reduzir o tempo de TV ou filminhos ao mínimo, como 15 minutos por vez. Mais que isso, o cérebro do seu filho pode simplesmente passar para o piloto automático.
Para os que já têm 2 anos, deixe-o assistir a programas ou filmes por até uma hora por dia -- mesmo uma hora já é muito para uma criança ativa. Não deixe o aparelho de TV no quarto da criança e mantenha-o desligado na hora das refeições. Também não deixe o reprodutor de filmes, smartphone ou tablet nas mãos do seu filho. Você é quem controla.
Escolha os programas
Em vez de ligar a TV e assistir a qualquer coisa que estiver passando, selecione cuidadosamente o que seu filho vai ver e desligue quando o programa acabar. Se possível, deixe os programas gravados, para que a criança veja o que você gostaria que ela visse, na hora que você achar melhor. Programas buscados em DVD ou em arquivos de computador têm a vantagem de escapar das propagandas.
Avisá-la uns dois minutos antes que o programa (ou o trecho que você está deixando que ela assista) vai acabar dali a pouco também ajuda na transição para a próxima atividade.
Prefira programas calmos e tranquilos
Programas mais lentos ajudam seu filho a ter tempo para pensar e absorver as informações que está vendo. Muita ação e cenas que mudam rápido demais vão confundi-lo. Alguns estudos sugerem que crianças que veem violência na TV podem se tornar mais agressivas.
Fique longe de programas assustadores demais. Prefira os mais simples, que enfatizam a interatividade. Os melhores são aqueles que inspiram seu filho a dizer palavras, cantar e dançar.
Assista à TV junto com seu filho
Um estudo recente trabalhou com três grupos: crianças com acesso ilimitado à TV, crianças com acesso moderado, que assistiam aos programas sem os pais, e crianças com acesso moderado que assistiam aos programas acompanhadas dos pais.
O terceiro grupo -- crianças que viam TV com os pais -- saía-se melhor nos estudos que os outros grupos. Estar com seu filho passa a ele a mensagem de que o que é importante para ele é importante para você também.
Claro que muitas vezes a gente acaba usando a TV ou o filminho como uma babá -- todo mundo faz isso quando precisa. Mas quando você deixa a criança vendo programas sozinha por muito tempo, mostra a ela que não se importa muito com o que ela assiste. Experimente pegar o cesto de roupas lavadas para separá-las na sala, ou invente alguma tarefa para fazer no lugar em que seu filho estiver, para ver o programa junto com ele. Assim, os dois podem aproveitar essa atividade.
Também é legal ajudar seu filho a manter um "olhar crítico". Explique o que está aparecendo na tela, encoraje-o a fazer perguntas e ligue o que está acontecendo no programa com a vida dele. Se o programa for gravado, não tenha medo de usar o botão de "pausa" para ter tempo de conversar com seu filho sobre o que está passando na tela. Comente alguma coisa que não gostou, por exemplo.
Na hora dos comerciais, ajude seu filho a entender a diferença entre eles e o programa em si.
Amplie o conteúdo do programa com atividades e livros
Se vocês acabaram de ver um programa que apresentou os números, converse sobre isso ou ache outros exemplos para mostrar para ele. Quando colocar a mesa para o jantar, por exemplo, diga: "Ei, no programa de hoje tinha o número três, e há três pratos na mesa!". Também é uma boa ler e mostrar livros que exploram o conceito de números, ou das letras do alfabeto.
A TV pode servir também para reforçar a educação musical do seu filho.
Estas recomendações foram desenvolvidas com a ajuda de Kathleen Acord, supervisora de projeto do programa "Ready to Learn" (Pronto para aprender), da rede americana KQED, que ajuda pais e educadores a usar a TV como um instrumento de aprendizado.
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